terça-feira, 6 de novembro de 2007

Tempo integral assegura aprendizado em Tocantinópolis

Calor de mais de 30 graus e cheiro de comida pronta. É quase hora da merenda na Escola Estadual XV de Novembro, em Tocantinópolis (TO). Em filas indianas, meninos aguardam, ansiosos, a vez de se refrescar. As três duchas do banheiro masculino são generosas. Tanto que o diretor precisa apressar os mais demorados. No feminino, as meninas repetem o ritual que precede o almoço. A cena se renova toda manhã, por volta das 11h30. Os alunos da escola, que atende 15 comunidades próximas a Tocantinópolis, a 570 quilômetros de Palmas, chegam às 7h e só saem às 17h. Eles estudam, fazem as refeições e até tomam banho antes de almoçar. Na escola de tempo integral, as crianças precisam colocar em prática as noções de higiene que aprendem nas aulas de ciências. Para comer, é preciso estar de mãos bem limpas. Depois das refeições, todos escovam os dentes, sob a supervisão de professores e do diretor. Além de colocar em prática noções de higiene, o aprendizado em dois turnos permite reforçar o conteúdo. A fórmula, que une ensino e acompanhamento da vida e da saúde dos alunos, rende bom desempenho aos estudantes, que estão acima da média nacional em leitura e matemática. A Prova Brasil de 2005 revela que na quarta série a média dos estudantes em matemática foi de 238; a de leitura, de 232 — a média nacional em matemática ficou em 180 e de leitura, 172. Os alunos da oitava série também superaram expectativas. Tiraram nota 287 em português, enquanto a média nacional foi 222. Em matemática, a média foi 323, contra 237 da nacional. Os bons resultados surpreendem porque grande parte dos alunos vem de famílias pobres e vive em situações desfavoráveis. “A maioria dos pais depende da renda de programa sociais. Pelo nível de escolaridade, eles só conseguem emprego como diaristas em casa de família, por exemplo. A maioria não tem o ensino fundamental completo”, afirma o diretor da escola, Dorismar Carvalho de Sousa. Sem livros em casa e com pais que têm pouca ou nenhuma formação escolar, os alunos contam fundamentalmente com a escola para aprender. O ensino integral foi a receita que o estado e os dirigentes escolares encontraram para tornar a aprendizagem efetiva e ainda investir no lazer e nos esportes.Atividades — De manhã, os estudantes têm aulas do currículo regular e, à tarde, reforço e atividades extras. Para assegurar o aprendizado, os deveres são feitos em sala, à tarde, e corrigidos em seguida. “Eles fazem as tarefas na escola porque os pais não têm condições de ajudar. Até porque alguns alunos não têm em casa nem uma mesa de estudos”, diz o diretor.Dever corrigido e conteúdo reforçado, é hora de aulas de pintura, filosofia, rodas de leitura, jogos e brincadeiras. Os professores procuram diversificar as atividades e levam os alunos aos laboratórios de informática, de matemática e à biblioteca. Eles desenvolvem oficinas de produção textual, educação artística e improvisam jogos, como bingos. São nove salas de aulas, biblioteca, brinquedoteca, sala de vídeo e dois laboratórios.
“Também usamos o espaço sob a sombra do pé de manga. Lá, promovemos competições de soletrar palavras e a olimpíada de matemática”, acrescenta a coordenadora pedagógica Maria Ezilene Marinho, em alusão ao ao pátio, no centro do qual fica a mangueira. Segundo a coordenadora, a intenção das atividades é espantar a preguiça e estimular os alunos de maneira divertida, sem limitá-los ao espaço das salas.

Maria Clara Machado

Fonte: http://portal.mec.gov.br

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