terça-feira, 6 de novembro de 2007

Leitura é prioridade em escola tocantinense

Na Escola Estadual XV de Novembro, em Tocantinópolis (TO), toda segunda-feira é dia de planejar as atividades da semana escolar. O calendário inclui todas as disciplinas curriculares e integra as turmas — da educação infantil ao ensino fundamental — em torno de um projeto semanal comum. A posição de destaque é sempre da leitura. Para professores e diretoria, atividades de produção textual e leitura são a base para um aprendizado sólido. “Sem ler e entender o que se está lendo é impossível resolver um problema de matemática ou aprender biologia”, exemplifica o professor Carlos Henrique Aguiar. Ele dá aulas de alfabetização para a turma de aceleração, destinada a crianças que estejam fora da série correspondente à idade. O professor compartilha da visão de toda a equipe escolar, que no fim de setembro elegeu o dia D da leitura e movimentou professores, alunos e funcionários. As turmas dos professores Carlos Henrique e Joelda Caetano da Silva Bispo uniram-se para apresentar uma peça, adaptada de um conto do escritor Ivan Ângelo. Os professores explicam que o conto, Negócio de Menina com Menino, foi escolhido por abordar temas presentes no dia-a-dia das crianças. “Passarinho, gaiola e diferenças sociais”, resume Carlos Henrique. As crianças tiveram de ler o conto e encená-lo. Para isso, usaram uma gaiola e muita imaginação. “A história fala do menino pobre que se depara com uma menina rica da cidade. De repente, o pai dela quer comprar o passarinho que o menino demorou a manhã toda para encontrar, mas ele não vende”, conta Joelda. A leitura não se restringe às aulas de alfabetização ou português e se mistura aos conteúdos de todas as disciplinas. Na semana do dia D, a professora de ciências Eunice Martins Pereira resolveu levar o conteúdo da sala de aula para a cozinha. Os alunos pesquisaram receitas e, para preparar os alimentos, tiveram de identificar os números fracionários correspondentes às medidas de ingredientes e aprender sobre os componentes da cada receita. “Eles acrescentaram três quartos de copo de açúcar e descobriram que a beterraba tem vitaminas A, B, C, as quais previnem anemia e resfriado”, conta Eunice. Os alunos prepararam um bolo de beterraba e doces conhecidos como brigadeiro. De forma divertida, perceberam como a leitura é fundamental para qualquer atividade e como a matemática e as ciências estão presentes em coisas simples do dia-a-dia. Biblioteca — Independentemente das atividades do calendário semanal, todos os dias, em todas as salas, há o momento da leitura, no qual são trabalhados diferentes tipos de texto — contos, notícias, poemas, histórias em quadrinhos e até bulas de remédios. Os alunos ainda visitam semanalmente a biblioteca, além de participar das atividades previstas com o professor. Eles são acompanhados por uma monitora, responsável pela biblioteca, que desenvolve a leitura de forma diversificada, ao contar histórias e estimular a interpretação, a escrita e a oralidade. Segundo a coordenadora pedagógica Maria Ezilene Marinho, a maioria das crianças já sabe ler e escrever aos oito anos de idade. Cada professor compreende a importância de se ensinar a ler e escrever desde cedo.A professora Joelda, que ensina os alunos do segundo ano, diz que já passou por vários desafios ao se deparar com crianças pouco ou nada alfabetizadas. Quando isso ocorre, ela não desiste. “Estamos aqui para isso mesmo: superar os desafios”, destaca. Ela lembra a história de uma aluna muito distraída em sala, incapaz de acompanhar as aulas. “Cheguei a suspeitar que ela fosse especial. Mas, trabalhando no reforço, com palavrinhas e texto, ela deu um salto. Hoje, lê que é uma beleza”, orgulha-se. Para Joelda, a recompensa da dedicação está no aprendizado do aluno. “A gente se sente gratificada ao ver o resultado.”
Os nove professores da Escola XV de Novembro têm nível superior. Eles recebem cerca de R$ 1,5 mil por 40 horas de trabalhos semanais.

Maria Clara Machado
Fonte: http://portal.mec.gov.br

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